Quando o mar chama, os negócios também se agitam
No alto dos costões do Farol de Santa Marta, na praia do Cardoso em Laguna (SC), bandeiras coloridas tremulam ao vento. Elas não anunciam perigo — anunciam oportunidade. São o sinal de que as ondas grandes chegaram, e com elas, uma movimentação que vai além do esporte: surfistas, turistas e empreendedores se unem em torno do mar, criando uma nova economia baseada em paixão, natureza e inovação.
Inspirados pela tradição de Nazaré, em Portugal, onde o surfe de ondas gigantes se tornou símbolo internacional, jovens surfistas da região estão construindo um ecossistema local de empreendedorismo. Campeonatos organizados pela comunidade, aulas de surfe, pequenos comércios, pousadas familiares e experiências turísticas fazem do Farol de Santa Marta e da Praia do Cardoso um reduto de empreendedorismo jovem com identidade local.
Da prancha ao negócio: juventude que empreende
Um dos principais nomes desse movimento é Tiago “Jacaré”, surfista de ondas grandes que representa a nova geração de atletas e líderes locais. Junto à Associação de Surfistas do Farol de Santa Marta, ele ajuda a organizar campeonatos que movimentam a economia regional e atraem nomes de peso do surfe mundial, como Rodrigo Concha, vencedor em Nazaré.
“A gente sempre viu a força do mar como algo gigante, mas agora ela virou uma força econômica também”, diz Felipe . “Quando tem onda grande, vem atleta, vem mídia, vem turista — e todo mundo aqui se mexe.”
Além das competições, os jovens da região atuam como instrutores, produtores de conteúdo, guias turísticos, fotógrafos e microempreendedores. Muitos começaram surfando e hoje lideram iniciativas que geram renda, turismo e permanência na comunidade.
Turismo de experiência e impacto comunitário
Nos dias de mar agitado, o movimento se intensifica. Pousadas familiares ficam lotadas, turistas de todo Brasil e local tomam conta da orla, o comércio de artesanato e venda de pranchas cresce, e experiências turísticas como visitar as tantas praias da região intensificam.
Inovação com raízes locais
As bandeiras de sinalização natural — inspiradas no modelo de Nazaré — são um exemplo de como a comunidade adaptou soluções criativas à sua realidade. Sem grandes investimentos, os próprios surfistas monitoram o mar e alimentam redes sociais com alertas, vídeos e transmissões ao vivo, gerando visibilidade e movimento econômico.
Um mar de oportunidades
Entre o Farol de Santa Marta e Jaguaruna — onde foi registrada a maior onda do Brasil já surfada — está se formando algo maior do que uma rota de surfe. Trata-se de um movimento de transformação comunitária.
Jovens que antes viam o mar apenas como paixão, hoje o enxergam como caminho para empreender, permanecer em suas raízes e inspirar outras gerações.
“A onda passa, mas o que ela deixa é oportunidade”, resume Tiago “Jacaré”. “E a gente aprendeu a surfar nelas também fora da água.”
Por Daniela Lopes – Repórter Farol de Santa Marta – Laguna (SC)